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Anemia por deficiência de vitamina B12

Anemia por deficiência de vitamina B12
Falta de hemácias dificulta a respiração celular
Sinónimos Anemia perniciosa, anemia de Biermer,[1] anemia de Addison,[2] anemia de Addison–Biermer[3]
Especialidade Hematologia
Sintomas Cansaço, falta de ar, palidez da pele, formigueiro nas mãos e pés, maus reflexos, confusão[4]
Início habitual > 60 anos de idade[1]
Causas Deficiência de vitamina B12[5]
Método de diagnóstico Análises ao sangue, mielograma[6]
Tratamento Vitamina B12 em comprimido ou injeção[7]
Prognóstico Vida normal com tratamento[5]
Frequência 1 em cada 1000 pessoas[1]
Classificação e recursos externos
CID-10 D51.0
CID-9 281.0
DiseasesDB 9870
MedlinePlus 000569
eMedicine med/1799
MeSH Predefinição:Mesh2
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A anemia por deficiência de vitamina B12, da qual a anemia perniciosa é um sub-tipo,[8] é a anemia caracterizada pela diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos no sangue causada pela quantidade insuficiente de vitamina B12.[5] O sintoma inicial mais comum é a sensação de cansaço.[4] Entre outros possíveis sintomas estão a falta de ar, palidez da pele, dor no peito, formigueiro nas mãos e pés, falta de equilíbrio, língua macia e avermelhada, maus reflexos, depressão e estado de confusão.[4] Sem tratamento, alguns destes sintomas tornam-se permanentes.[5]

Embora tecnicamente o termo "anemia perniciosa" se refira apenas aos casos que resultam de deficiência de fator intrínseco, é muitas vezes usado para descrever todos os casos de anemia por deficiência de vitamina B12.[5] Na maior parte dos casos, a deficiência de fator intrínseco tem origem no ataque autoimune às células parietais do estômago onde é produzido.[9] Pode também dever-se à remoção cirúrgica de parte do estômago ou a uma doença hereditária.[9] Entre outras possíveis causas de deficiência de vitamina B12 estão a ingestão insuficiente, como no caso de uma dieta vegan), doença celíaca ou parasitas intestinais.[9] Quando se suspeita da doença, o diagnóstico é realizado com a ajuda de análises ao sangue e, em alguns casos, de análises à medula óssea.[6] As análises ao sangue podem revelar menor número de glóbulos vermelhos, mas de maior dimensão, baixa contagem de reticulócitos, baixa quantidade de vitamina B12 e anticorpos do fator intrínseco.[6]

Não é possível prevenir a anemia perniciosa causada por deficiência de fator intrínseco.[10] No entanto, a deficiência de vitamina B12 por outras causas pode ser prevenida com uma dieta equilibrada ou com suplementos alimentares.[10] A anemia perniciosa pode ser facilmente tratada com injeções ou comprimidos de vitamina B12.[7] Nos casos em que os sintomas são graves, está recomendado o tratamento inicial com injeções.[7] Em pessoas com dificuldade em engolir comprimidos, está também disponível em spray nasal.[7] Em muitos casos o tratamento deve ser feito para o resto da vida.[11]

A anemia perniciosa com origem em distúrbios autoimunes ocorre em aproximadamente 1 em cada 1000 pessoas.[1] No grupo etário com idade superior a 60 anos, ocorre em 2% das pessoas.[1] A doença é mais comum entre pessoas com ascendência da Europa do Norte.[2] A doença é mais comum entre mulheres do que em homens.[12] Com tratamento adequado, a maior parte das pessoas vive uma vida normal.[5] No entanto, a doença aumenta o risco de cancro do estômago, pelo que está recomendado o rastreio regular para esta doença.[11] A primeira descrição clara da doença foi feita por Thomas Addison em 1849.[13][14] O termo "perniciosa" significa "mortal", e descrevia o prognóstico muitas vezes mortal da doença antes de existir tratamento.[5][15]

Causas

Existem diversas possíveis causas para uma absorção deficiente de vitamina B12:[16]

Fisiopatologia

A vitamina B12 não é produzida pelo corpo humano e, portanto, precisa ser adquirida da dieta. Ela é absorvida nas células epiteliais do íleo, no intestino delgado. Porém, tal absorção só acontece quando a vitamina B12 chega até essa região do intestino ligada ao fator intrínseco. O Fator intrínseco é produzido pelas células parietais da mucosa gástrica oxíntica. Situações em que as células parietais não desempenham a sua função de produção do fator intrínseco ocasionam a deficiência da absorção de vitamina B12 característica da anemia perniciosa.[17]

No corpo, a vitamina B12 é necessária para duas reações enzimáticas específicas: a conversão de metilmalonil-CoA em succinil-CoA e a conversão de homocisteína em metionina. Nessa última reação, o grupo metil da molécula 5-metiltetrahidrofolato é transferido para a homocisteína, produzindo então tetrahidrofolato e metionina. Essa reação é catalisada pela enzima metionina-sintetase, da qual a vitamina B12 é cofator essencial. Durante a deficiência de B12, essa reação não pode ser realizada, levando ao acúmulo da molécula 5-metiltetrahidrofolato. Esse acúmulo acaba por depletar os outros tipos de folato necessários para a síntese de purina e timidilato, que são necessárias para a síntese de DNA. Isso leva, por fim, à inibição da replicação de DNA nas hemácias, resultando na formação de eritrócitos grandes e frágeis (megaloblastos).

Acredita-se que os sinais neurológicos presentes na anemia perniciosa são o resultado do acúmulo de metilmalonil-CoA, por conta da necessidade de vitamina B12 como cofator da enzima metilmalonil-CoA mutase.[18]

Fatores de risco

Os fatores de risco da anemia perniciosa incluem[19]:

  • História familiar da doença
  • Descendência norte-europeia
  • Doença autoimune do sistema digestivo como diabetes tipo 1 ou doença de Crohn
  • Doença de Addison
  • Cirurgia para remover parte do seu estômago ou intestinos
  • Ter 60 anos ou mais

Sinais e sintomas

É uma anemia que evolui lentamente e começa com sintomas pouco específicos:[20]

Após um largo período de evolução pode causar[19]:

Complicações

As possíveis complicações da anemia perniciosa incluem problemas cardíacos, anemia crônica, carcinoma de estômago e progressivos danos à medula espinhal e aos nervos. Em crianças a anemia pode retardar o crescimento e desenvolvimento cognitivo.[19]

Diagnóstico

Epidemiologia

Esta doença pode afetar todos os grupos étnicos, porém há maior incidência entre as pessoas com ascendência escandinava e do norte europeu. A anemia perniciosa geralmente não aparece antes dos 30 anos de idade, apesar de a forma juvenil da doença ocorrer entre crianças. Anemia perniciosa congênita manifesta-se antes da criança completar 3 anos de idade. Como fatores de risco temos história de distúrbios endócrinos autoimunes, antecedentes familiares de anemia perniciosa e ascendência escandinava.

A incidência do tipo autoimune é de 1 em cada 1.000 pessoas, porém cerca 20% da população tem deficiência grave de vitamina B12 e 30% deficiência moderada, sendo tão comum entre vegetarianos quanto em não-vegetarianos.[22]

Tratamento

Hidroxicobalamina (B12) para injeção.

O tratamento tradicional era feito por injeções em 3 fases começando com 1000μg semanalmente e depois mensalmente. Agora já existem versões em comprimidos, pastilhas sub-linguais, em adesivo e associados ao fator intrínseco gástrico para melhor absorção. A dose ideal varia com o peso, idade e causa da doença do paciente.[23]

Sem tratamento aparecem danos neurológicos, depressão, irritabilidade e eventualmente leva a insuficiência cardíaca fatal ou tumores gástricos.[24]

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 Andres E, Serraj K (2012). «Optimal management of pernicious anemia.». Journal of Blood Medicine. 3: 97–103. PMC 3441227Acessível livremente. PMID 23028239. doi:10.2147/JBM.S25620 
  2. 2,0 2,1 Professional guide to diseases. 9 ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. 2009. p. 502. ISBN 9780781778992. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  3. Forbis, Pat (2005). Stedman's medical eponyms 2nd ed. Baltimore, Md.: Lippincott Williams & Wilkins. p. 6. ISBN 9780781754439. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  4. 4,0 4,1 4,2 «What Are the Signs and Symptoms of Pernicious Anemia?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6 «What Is Pernicious Anemia?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  6. 6,0 6,1 6,2 «How Is Pernicious Anemia Diagnosed?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  7. 7,0 7,1 7,2 7,3 «How Is Pernicious Anemia Treated?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  8. «ICD-10 Version:2015». apps.who.int. Consultado em 13 de novembro de 2015. Cópia arquivada em 2 de novembro de 2015 
  9. 9,0 9,1 9,2 «What Causes Pernicious Anemia?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  10. 10,0 10,1 «How Can Pernicious Anemia Be Prevented?». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  11. 11,0 11,1 «Living With Pernicious Anemia». NHLBI. 1 de abril de 2011. Consultado em 14 de março de 2016. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  12. Greer, John P. (2009). Wintrobe's clinical hematology. 12th ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins. p. 1157. ISBN 9780781765077. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  13. Wailoo, Keith (1999). «The Corporate "Conquest" of Pernicious Anemia». Drawing blood technology and disease identity in twentieth-century America Johns Hopkins Paperbacks ed. Baltimore, Md.: Johns Hopkins University Press. p. Chapter 4. ISBN 9780801870293. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  14. Dictionary of Medicine. [S.l.]: Routledge. 2014. p. 404. ISBN 9781135928414. Cópia arquivada em 14 de março de 2016 
  15. Tamparo, Carol (2016). Diseases of the Human Body. [S.l.]: F.A. Davis. p. 295. ISBN 9780803657915. Cópia arquivada em 17 de março de 2016 
  16. Banka, S; Ryan, K; Thomson, W; Newman, WG (June 2011). "Pernicious anemia – genetic insights.". Autoimmunity reviews 10 (8): 455–9. doi:10.1016/j.autrev.2011.01.009. PMID 21296191.
  17. https://medlineplus.gov/ency/article/000569.htm
  18. Wickramasinghe, S. N. (novembro de 2006). «Diagnosis of megaloblastic anaemias». Blood Reviews. 20 (6): 299-318. ISSN 0268-960X. PMID 16716475. doi:10.1016/j.blre.2006.02.002 
  19. 19,0 19,1 19,2 Lydia Krause, Erica Cirino e Ana Gotter (2016). Pernicious anemia. http://www.healthline.com/health/pernicious-anemia#Riskfactors5
  20. Ramani, James Carton, Richard Daly, Pramila (2007). Clinical pathology. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0198569467.
  21. http://www.minhavida.com.br/saude/temas/anemia-perniciosa
  22. Andres, E; Serraj, K (2012). "Optimal management of pernicious anemia.". Journal of Blood Medicine 3: 97–103. doi:10.2147/JBM.S25620. PMC 3441227. PMID 23028239.
  23. Sharabi, A.; Cohen, E.; Sulkes, J.; Garty, M. (2003). "Replacement therapy for vitamin B12 deficiency: Comparison between the sublingual and oral route". British Journal of Clinical Pharmacology 56 (6): 635–638. doi:10.1046/j.1365-2125.2003.01907.x. PMC 1884303. PMID 14616423.
  24. Lahner E, Annibale B (November 2009). "Pernicious anemia: New insights from a gastroenterological point of view". World J. Gastroenterol. 15 (41): 5121–8. doi:10.3748/wjg.15.5121. PMC 2773890. PMID 19891010.

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