𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Grande Prêmio do Brasil de 1990

Predefinição:Info/Corrida automobilística

Resultados do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 realizado em Interlagos em 25 de março de 1990.[1] Segunda etapa do campeonato, esta prova marcou o retorno da categoria à cidade de São Paulo após dez anos de ausência e teve como vencedor o francês Alain Prost em seu primeiro triunfo pela Ferrari.[2] Ao seu lado no pódio estavam Gerhard Berger e Ayrton Senna, pilotos da McLaren-Honda.Predefinição:Nota de rodapé

Resumo

A volta para São Paulo

Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Piero Gancia, chegou a Paris em 19 de abril de 1989 a fim de consultar a Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (FISA) sobre a transferência da etapa brasileira para Interlagos, embora Jacarepaguá tivesse sediado o Grande Prêmio do Brasil há menos de um mês.[3] Sabedor dos questionamentos a respeito do tema, ele afirmou: "Não estamos tentando roubar o GP do Rio. Queremos, isto sim, salvar o GP do Brasil, que após os incidentes deste ano está ameaçado de não existir".[4] Embora não falasse abertamente, referia-se ao acidente que deixou tetraplégico o francês Philippe Streiff.[5]

Sabendo que o Autódromo de Interlagos não integrava o calendário mundial da velocidade desde o Grande Prêmio do Brasil de 1980,[6] quando o francês René Arnoux, então na Renault, conquistou a primeira vitória de sua carreira e com as pesadas críticas a respeito do atendimento médico prestado a Streiff ainda em sua memória,[7] Piero Gancia consultou a prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, quanto à realização de uma reforma em Interlagos para trazer a Fórmula 1 de volta à capital paulista e logo a mandatária sentenciou: "desde que os recursos venham da iniciativa privada".[4]

No dia 12 de novembro de 1989 Luiza Erundina, Piero Gancia e Tamas Rohonyi, representante de Bernie Ecclestone, presidente da Associação dos Construtores da Fórmula 1 (FOCA), anunciaram o regresso da categoria à capital paulista e em menos de um mês foi divulgado o calendário de 1990 onde a etapa brasileira ocorreria em 25 de março.[8] Logo começaram as reformas em Interlagos: uma nova torre de controle, sala de imprensa, centro médico, novas arquibancadas e áreas de escape, além de muros de proteção, contudo nada causou mais furou que as modificações no traçado de Interlagos, embora o miolo do circuito permanecesse intocado. A pista teve sua extensão reduzida de 7.960 metros para apenas 4.325, resultado da supressão das curvas um e dois, embora a adição de um "S" em descida ligando a antiga curva um à Curva do Sol parecesse uma compensação justa. Entretanto, para desgosto de Ayrton Senna, o novo trecho deveria ser percorrido em alta velocidade tão logo os pilotos viessem da reta dos boxes, mas ao invés disso serviria como redutor da velocidade dos carros.[9]

Após a inspeção da FISA o novo circuito foi homologado e suas dependências franqueadas aos competidores numa quinta-feira, três dias antes da prova. Assim eles poderiam conhecer a nova pista e habituar-se à mesma, conforme regulamento vigente à época.[10]

Polêmicas de Balestre

Como se não bastasse o entrevero entre Alain Prost e Ayrton Senna no Grande Prêmio do Japão de 1989[11] e a ameaça de impedir a participação do brasileiro no campeonato do ano seguinte,[12] Jean-Marie Balestre ameaçou cancelar a prova em São Paulo em meio às queixas sobre a violência no Brasil e a surpresa causada pela outorga do Plano Collor, segundo ele a prova inequívoca do colapso econômico do país. Absurda, pois pilotos e equipes estavam aptos a competir, tal intenção não encontrava amparo no regulamento da categoria. Alheio aos fatos, Balestre ameaçou cancelar o evento e depois autorizou sua realização.[13] Agastado, Bernie Ecclestone sentenciou: "Isso tudo é uma grande besteira de Balestre. Ele adora estar sempre em evidência. O melhor que os jornalistas brasileiros têm a fazer é ignorá-lo. Ele não tem poder para cancelar o GP, pois o circuito não apresenta nenhum problema".[14]

Misteriosamente curado de uma gripe que, em tese, o impediria de comparecer à cidade de São Paulo, Balestre foi irônico ao comentar as vaias estrepitosas que recebeu em Interlagos: "adoro, adoro".[15] No entanto queixou-se da imprensa, pois segundo ele "as vaias comprovam a eficiência da imprensa brasileira. Se vocês não conseguem garantir uma recepção cortês, podemos não voltar aqui. O campeonato de F1 é nosso". Alegando destemor, ele admitiu: "Para mim está, acima de tudo, o prazer perverso de enfrentar um público em delírio". Jocoso, lembrou que nas suas visitas anteriores a Interlagos, as vitórias foram francesas (Jacques Laffite pela Ligier em 1979 e René Arnoux pela Renault em 1980),[16][6] mas assegurou não estar manipulando o campeonato de Fórmula 1.

Treinos em Interlagos

Dono do melhor tempo desde os treinos extraoficiais, Ayrton Senna confirmou o primeiro lugar no momento decisivo ao marcar 1:17.277 nos instantes finais do treino, tendo ao seu lado no grid a presença do austríaco Gerhard Berger numa primeira fila da McLaren.[17] A seguir uma surpresa, pois Thierry Boutsen e Riccardo Patrese capturaram a segunda fila para o conjunto Williams-Renault deixando para trás os bólidos da Ferrari com Nigel Mansell à frente de um discreto Alain Prost. Merece destaque o sétimo lugar obtido pela Tyrrell de Jean Alesi, provando que sua exibição há duas semanas no Grande Prêmio dos Estados Unidos não foi algo fortuito. Dentre os brasileiros tivemos o décimo terceiro lugar de Nelson Piquet com sua Benetton (não obstante a potência do motor Ford) e a frustração de Maurício Gugelmin cuja equipe, a Leyton House, não classificou nenhum carro.[18] Além disso, Roberto Moreno falhou com sua Eurobrun logo na pré-qualificação.[17]

Senna erra, Prost vence

No momento da largada a McLaren fez valer as melhores posições e Ayrton Senna manteve-se adiante de Gerhard Berger num dueto de sete voltas até que o austríaco foi ultrapassado por Thierry Boutsen na reta dos boxes e dez giros mais tarde foi Prost quem deixou para trás o companheiro de Senna, aquela altura seis segundos à frente de Boutsen enquanto este mantinha Prost à distância. Dada a aparente modorra, foi necessária a mão do imponderável para mudar o curso dos acontecimentos: no momento em que se dirigia aos boxes para fazer seu pit stop, Boutsen errou o ponto de freada e um de seus mecânicos pulou para não ser atingido, mas o pneu segurado pelo mesmo atingiu a asa dianteira da Williams, danificando-a. Infelizmente para o piloto belga suas chances de vitória acabaram ali, na trigésima volta, e na pista foi restabelecida a conhecida dobradinha entre Senna e Prost, mas agora com os pilotos em escuderias distintas. Contudo os corredores em questão logo fizeram suas paradas e assim Berger liderou as voltas 33 e 34.[2]

De volta à pista em primeiro lugar, Senna estava adiante de Prost enquanto Patrese cedeu o terceiro lugar a Berger tão logo o italiano seguiu rumo aos boxes. Dez segundos à frente de seu maior rival, Senna parecia tranquilo e sem obstáculos rumo a inédita vitória em seu país, contudo um erro de julgamento (tomando por base sua maior experiência na Fórmula 1 e o título mundial de 1988) por parte do brasileiro o fez perder a vitória: na quadragésima volta Senna aproximou-se do retardatário Satoru Nakajima e na altura do Bico de Pato, um ponto de baixa velocidade, o piloto da McLaren iniciou a ultrapassagem, mas a inabilidade de Nakajima combinada às condições de pista e o mau arbitramento de Senna resultaram num choque que danificou a asa dianteira de sua McLaren obrigando-o a fazer um pit stop extra.[19][20]

Terceiro colocado em sua volta ao asfalto, Senna estava a 30 segundos de Prost e sem condições de alcançar até mesmo Berger, então o segundo colocado. Sem maiores acontecimentos a prova chegou ao fim e nela Alain Prost atingiu 40 vitórias na Fórmula 1, sexta no Grande Prêmio do Brasil e a primeira como piloto da Ferrari, com Gerhard Berger e Ayrton Senna, defensores da equipe McLaren-Honda, ao seu lado no pódio. Mesmo líder da competição com 13 pontos, Senna estava nitidamente decepcionado enquanto Prost não escondia sua emoção, sendo que os inimigos figadais receberem seus troféus das mãos do presidente Fernando Collor. Completaram a zona de pontuação os pilotos Nigel Mansell (Ferrari), Thierry Boutsen (Williams) e Nelson Piquet (Benetton), sendo que este último superou a Tyrrell de Jean Alesi nos metros finais da prova e finalmente pontuou em Interlagos. Por sua vez o piloto mais comentado do dia, Satoru Nakajima, terminou em oitavo lugar.[2][1]

Ao comentar o incidente com Satoru Nakajima (de quem foi companheiro na Lotus) Ayrton Senna declarou: "Esperei umas quatro, cinco curvas atrás dele, daí ele abriu a porta. Quando eu entrei, ele decidiu voltar. Freei forte, mas não deu para evitar o choque". Por sua vez o japonês da Tyrrell, descreveu assim o ocorrido: "Fiquei à esquerda da pista assim que vi as bandeiras azuis. Essa parte estava muito suja. Eu escorreguei quando Ayrton passou. Espero que ele saiba que sinto muito, que não foi intencional".[2] Expostas as visões de cada um resta ao circo da velocidade partir rumo ao próximo desafio.

Resultados

Pré-classificação

Pos. Piloto Equipe Melhor volta Diferença
1 29 Predefinição:Country data France Eric Bernard Larrousse-Lamborghini 1:23.763
2 30 Japão Aguri Suzuki Larrousse-Lamborghini 1:23.982 + 0.219
3 14 Predefinição:Country data France Olivier Grouillard Osella-Ford 1:23.987 + 0.224
4 18 Predefinição:Country data France Yannick Dalmas AGS-Ford 1:24.015 + 0.252
5 17 Predefinição:Country data Italy Gabriele Tarquini AGS-Ford 1:24.265 + 0.502
6 33 Brasil Roberto Moreno Eurobrun-Judd 1:25.763 + 2.000
7 31 Predefinição:Country data Belgium Bertrand Gachot Coloni-Subaru 1:34.046 + 10.283
8 34 Predefinição:Country data Italy Claudio Langes Eurobrun-Judd 1:39.188 + 15.425
9 39 Predefinição:Country data Australia Gary Brabham Life

Treino de classificação

Pos. Piloto Equipe Q1 Q2 Diferença
1 27 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 1:17.769 1:17.277
2 28 Predefinição:Country data Austria Gerhard Berger McLaren-Honda 1:17.888 1:18.504 + 0.611
3 5 Predefinição:Country data Belgium Thierry Boutsen Williams-Renault 1:18.375 1:18.150 + 0.873
4 6 Predefinição:Country data Italy Riccardo Patrese Williams-Renault 1:18.465 1:18.288 + 1.011
5 2 Predefinição:Country data UK Nigel Mansell Ferrari 1:18.509 1:19.475 + 1.232
6 1 Predefinição:Country data France Alain Prost Ferrari 1:18.631 1:18.884 + 1.354
7 4 Predefinição:Country data France Jean Alesi Tyrrell-Ford 1:19.230 1:18.923 + 1.646
8 23 Predefinição:Country data Italy Pierluigi Martini Minardi-Ford 1:19.039 1:19.688 + 1.762
9 22 Predefinição:Country data Italy Andrea de Cesaris Dallara-Ford 1:19.125 1:19.964 + 1.848
10 26 Predefinição:Country data France Philippe Alliot Ligier-Ford 1:19.309 + 2.032
11 29 Predefinição:Country data France Eric Bernard Larrousse-Lamborghini 1:19.406 1:21.024 + 2.129
12 8 Predefinição:Country data Italy Stefano Modena Brabham-Judd 1:19.425 1:20.126 + 2.148
13 20 Brasil Nelson Piquet Benetton-Ford 1:19.629 1:20.317 + 2.352
14 12 Predefinição:Country data UK Martin Donnelly Lotus-Lamborghini 1:20.032 + 2.755
15 19 Predefinição:Country data Italy Alessandro Nannini Benetton-Ford 1:20.055 1:20.317 + 2.778
16 21 Predefinição:Country data Italy Gianni Morbidelli Dallara-Ford 1:20.164 1:20.229 + 2.887
17 24 Predefinição:Country data Italy Paolo Barilla Minardi-Ford 1:20.282 1:21.121 + 3.005
18 30 Japão Aguri Suzuki Larrousse-Lamborghini 1:20.557 1:21.086 + 3.280
19 3 Japão Satoru Nakajima Tyrrell-Ford 1:20.568 1:21.086 + 3.291
20 25 Predefinição:Country data Italy Nicola Larini Ligier-Ford 1:20.650 1:20.794 + 3.373
21 14 Predefinição:Country data France Olivier Grouillard Osella-Ford 1:21.292 1:20.884 + 3.607
22 7 Predefinição:Country data Switzerland Gregor Foitek Brabham-Judd 1:20.965 1:20.902 + 3.625
23 9 Predefinição:Country data Italy Michele Alboreto Arrows-Ford 1:20.920 1:21.002 + 3.643
24 11 Predefinição:Country data UK Derek Warwick Lotus-Lamborghini 1:21.244 1:20.998 + 3.721
25 10 Predefinição:Country data Italy Alex Caffi Arrows-Ford 1:21.065 1:22.057 + 3.788
26 18 Predefinição:Country data France Yannick Dalmas AGS-Ford 1:22.426 1:21.087 + 3.810
27 35 Predefinição:Country data Sweden Stefan Johansson Onyx-Ford 1:21.241 1:22.184 + 3.964
28 36 Predefinição:Country data Finland J. .J. Lehto Onyx-Ford 1:21.323 1:21.417 + 4.046
29 16 Predefinição:Country data Italy Ivan Capelli Leyton House-Judd 1:21.383 1:21.422 + 4.106
30 15 Brasil Maurício Gugelmin Leyton House-Judd 1:21.616 1:22.862 + 4.339

Corrida

Pos. Piloto Equipe Voltas Tempo/Diferença Grid Pontos
1 1 Predefinição:Country data France Alain Prost Ferrari 71 1:37:21.258 6 9
2 28 Predefinição:Country data Austria Gerhard Berger McLaren-Honda 71 + 13.564 2 6
3 27 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 71 + 37.722 1 4
4 2 Predefinição:Country data UK Nigel Mansell Ferrari 71 + 47.266 5 3
5 5 Predefinição:Country data Belgium Thierry Boutsen Williams-Renault 70 + 1 volta 3 2
6 20 Brasil Nelson Piquet Benetton-Ford 70 + 1 volta 13 1
7 4 Predefinição:Country data France Jean Alesi Tyrrell-Ford 70 + 1 volta 7
8 3 Japão Satoru Nakajima Tyrrell-Ford 70 + 1 volta 19
9 23 Predefinição:Country data Italy Pierluigi Martini Minardi-Ford 69 + 2 voltas 8
10 19 Predefinição:Country data Italy Alessandro Nannini Benetton-Ford 68 Pneus desgastados 15
11 25 Predefinição:Country data Italy Nicola Larini Ligier-Ford 68 + 3 voltas 20
12 26 Predefinição:Country data France Philippe Alliot Ligier-Ford 68 + 3 voltas 10
13 6 Predefinição:Country data Italy Riccardo Patrese Williams-Renault 65 Pressão do óleo 4
14 21 Predefinição:Country data Italy Gianni Morbidelli Dallara-Ford 64 +7 voltas 16
Ret 10 Predefinição:Country data Italy Alex Caffi Arrows-Ford 49 Embreagem 25
Ret 12 Predefinição:Country data UK Martin Donnelly Lotus-Lamborghini 43 Spun off 14
Ret 8 Predefinição:Country data Italy Stefano Modena Brabham-Judd 39 Spun off 12
Ret 24 Predefinição:Country data Italy Paolo Barilla Minardi-Ford 38 Motor 17
Ret 18 Predefinição:Country data France Yannick Dalmas AGS-Ford 28 Suspensão 26
Ret 11 Predefinição:Country data UK Derek Warwick Lotus-Lamborghini 25 Pane elétrica 24
Ret 30 Japão Aguri Suzuki Larrousse-Lamborghini 24 Suspensão 18
Ret 9 Predefinição:Country data Italy Michele Alboreto Arrows-Ford 24 Suspensão 23
Ret 7 Predefinição:Country data Switzerland Gregor Foitek Brabham-Judd 14 Transmissão 22
Ret 29 Predefinição:Country data France Eric Bernard Larrousse-Lamborghini 13 Câmbio 11
Ret 14 Predefinição:Country data France Olivier Grouillard Osella-Ford 8 Batida 21
Ret 22 Predefinição:Country data Italy Andrea de Cesaris Dallara-Ford 0 Batida 9
DNQ 35 Predefinição:Country data Sweden Stefan Johansson Onyx-Ford
DNQ 36 Predefinição:Country data Finland J. J. Lehto Onyx-Ford
DNQ 16 Predefinição:Country data Italy Ivan Capelli Leyton House-Judd
DNQ 15 Brasil Maurício Gugelmin Leyton House-Judd
DNPQ 17 Predefinição:Country data Italy Gabriele Tarquini AGS-Ford
DNPQ 33 Brasil Roberto Moreno Eurobrun-Judd
DNPQ 31 Predefinição:Country data Belgium Bertrand Gachot Coloni-Subaru
DNPQ 34 Predefinição:Country data Italy Claudio Langes Eurobrun-Judd
DNPQ 39 Predefinição:Country data Australia Gary Brabham Life

Tabela do campeonato após a corrida

talvez você goste